As idas e as vindas à terra da guerra
De cada viagem a Mueda passavamos de 3 a 6 meses. Dependia muito da quantidade de pessoal disponível. O nosso "estágio de aprendizado na guerra" deveria ser de, no máximo, 24 messes. Ao final do aprendizado você retornava, ereto, altivo e garboso, ou, na pior das hipótese, com os dois pés (quando eles restavam em condições de acompanhar o restante do corpo) para a frente. Algumas vezes nem isso sobrava para a família receber de seu ente querido. As minas anti-carro eram terríveis, não deixavam nada sobre coisa alguma. Cruel! Muito cruel! Mas na Terra da Morte morria-se até por brincadeira! Um dia eu conto uma histórias para vocês a esse respeito!
Quando se aproximava o fim do meu "estágio" fiquei em Nacala aguardando que chegasse um substituto. Só podiamos sair depois da chegada do subtituto. Ansiedade! Nervosismo a cada avião que chegava ou qualquer outro tipo de transporte. Valia-nos o papo que travavamos com os amigos e companheiros que ali se encontravam na mesma situação. Lembro bem de alguns (não muitos na verdade) pelos nomes, mas na mente tenho-os quase todos. Dentre eles destaco: Branco, Peixoto, das Dores, Zeca Constantino, Miranda, Marsilha, três ou quatro açoreanos... Eita povo bom! Branco ficou por LM; Zeca casou com uma dinamarquesa e ao final do derviço foi morar em Cap Town, na África do Sul. O tresto da turma retornou ao PUTO (como aprendemos que os negros chamavam a Portugal). Ainda tive contato com branco e Zaca por algum tempo, depois... o próprio tempo levou para não sei onde!
Nesse período de "retorno" valia tudo, ainda mais que na terra da guerra. Afinal já tinhamos cumprido o nosso dever!
Aí acima duas amostras de como a coisa ficava descontrolada! Civil ou fardado tentando escapar pela chamada "porta do cavalo" para embarcar sem ter que cortar o cabelo! Vejam lá a loucura! Mas consegui! Finalmente, após 28 loooooooonnnnngos meses, estava de volta!
Uma pequena explicação: Quando da minha viagem da França para o Brasil (uma das próximas "novelas" do Rastros-de-mim") muitas das minhas fotos desapareceremjuntocom outros pertences a bordo de um navio em que foram despachadas. Lamento por não poder comprovar tudo com mais fotos. Espero que entendam e aceita as minhas desculpas.