Apresentação IV

Foi num Janeiro frio, europeu, ainda não tinham terminado de estourar os últimos fogos das festas de final de ano e lá estava eu e toda uma família em pleno aeroporto de Lisboa, olhando um velho DC8 que me levaria em poucos instantes rumo ao desconhecido que já se transformara no maior devorador de jovens portugueses. Isso atromentava demais aos familiares e nem tanto a mim. Não se trata nem de "valentia", nem tão pouco de ignorância, chamaria a essa atitude de confiança e fé.

 

Foi assim que, chegada a hora do embarque, entre lágrimas, soluços, abraços e beijos me vi sendo obrigado a tomar o caminho da porta de embarque sem olhar para trás para que a família não visse as lágrimas que me lavavam o rosto jovem que tentar manter sereno. Não era tanto por medo nem por apego, aquelas lágrimas representavam muito mais uma dose bastante grande de ódio pela situação criada que pelo fato em si. Lá fui eu!

 

Nove horas depois da partida e após atravessarmos uma tempestade tropical, chegamos aGuiné Bissau, já com a noite alta. Batismo de fogo! Quando o avião se aprontava para aterrissar em Bissau, fomo advertidos pela torre de controle que a base estava a ser atacadacom morteiros! O avião foi obrigado a fazer umas duas ou tes voltas até que as nossas tropas rechaçassem o ataque. A parada foi rápida, de luzes apagadas, apenas para reabastecimento. Ao longe ainda escutavamos alguns morteiros estourando. Medo!

 

Avião reabastecido, no ar, rumo a Angola! mais 8 horas de voo.  Tempo de repousar um dia e partida para Moçambique, ao amanecer. Luanda! Baía dos Tigres, que coisa linda (uma pena que a única foto que restou da Baía dos tigres não consigo carregá-la aqui na página). Amei! Calor, água de coco, cerveja gelada e mulheres... muitas mulheres fáceis! A miséria obrigava-as a se venderem por alguns trocados.

 

Ali, em Luanda, acabamos por passar mais tempo devido a uma pane no nosso avião. Tivemos que aguardar uma peça que viria do continente. Suor, sombra e água fresca... Moçambique, na costa africana do Pacífico, que nos aguardasse. Um dia chegaríamos!

(cont.)